Por Roberta de Sousa Machado
Nesta postagem optamos por discutir
o trabalho “Genetics and breeding of sheep in Brazil”, que foi realizado por
três pesquisadores brasileiros e publicado em julho de 2010 na Revista Brasileira
de Zootecnia. O artigo teve como objetivo analisar novas tecnologias na
genética de ovinos no Brasil, avaliar seus avanços mais recentes e aspectos que
poderiam ser mais investigados para serem melhorados.
A pesquisa observou que os criadores
de ovinos precisam não apenas melhorar a produção e sim as características e a
qualidade do produto, junto com o bem-estar do animal, e resistência ao calor e
doenças. Como estes aspectos são difíceis ou caros para se medir, os
pesquisadores têm como plano combinar as tecnologias de mapeamento de genes,
estudos de expressão gênica em tecidos alvo, contando com dados de produção e
ferramentas como a bioinformática moderna.
São abordados vários tópicos no
artigo, que vamos abordá-los aos poucos nas próximas postagens. O primeiro a
ser traduzido é sobre os recentes estudos moleculares.
ESTUDOS MOLECULARES
A pesquisa mostra que
os ovinos são na maioria de pequenos produtores e usados como produtos
secundários nas propriedades. Isso explica a falta de interesse dos produtores
em buscar informações e novas tecnologias para melhorar geneticamente seus
rebanhos. Vale ressaltar que o melhoramento genético animal é uma seleção que
se baseia na escolha correta dos indivíduos que irão produzir descendentes,
levando em consideração características morfológicas e/ou produtivas que se
deseja ver expressa na geração seguinte, com o objetivo de melhoria ou fixação
de alguma característica de importância.
Há uma série de usos
para estudos moleculares na criação de ovinos, como: caracterização genética de
raças, seleção assistida por marcadores moleculares ou genótipos, a confirmação
de parentesco ou de exclusão, rastreabilidade, detecção de vetores de doenças,
e fornecer indivíduos para nichos de mercado.
Sendo uma ferramenta nova e importante, a
seleção genotípica molecular tem como princípio a busca por genes candidatos
que estejam associados a características de interesse, e a sua aplicação como
marcadores moleculares na seleção assistida por marcadores. Através desta
técnica é possível realizar testes de DNA para validação de pedigrees, de forma
rápida e confiável. A técnica apresenta um custo alto de implantação e
execução, mas este investimento pode ser recuperados rapidamente. Requer também
como qualquer outra forma de seleção, a informação fenotípica.
Os autores destacaram
também que o Ministério da Agricultura (MAPA) aprovou a normativa 74/2004 para
registros de laboratórios que realizam a identificação genética utilizando o
DNA. Para ovinos e caprinos, a comprovação de paternidade e maternidade via DNA
é feita baseando-se em oito marcadores moleculares reconhecidos internacionalmente,
chamados micro satélites. No entanto, os autores deste trabalho mostram que alguns
desses marcadores indicados pelo MAPA poderiam ser substituídos por outros para
as raças brasileiras, especificamente para a raça Santa Inês, já identificados
por nossos pesquisadores. Este poderia ser um avanço interessante para a
técnica.
O trabalho apontou como
outras utilizações para os estudos sobre marcadores moleculares que mereceriam
maior destaque e utilização: o desenvolvimento painéis personalizados para a
rastreabilidade, a melhora na gestão na genética dos rebanhos, a escolha de raças
que seriam mais eficazes nos programas de melhoramento, e o mapeamento e
seleção do genoma de raças selvagens. Em postagens futuras serão abordados os
outros tópicos do artigo citado.
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