segunda-feira, 11 de abril de 2016

Genética e melhoramento de ovinos no Brasil



            Por Roberta de Sousa Machado




            Nesta postagem optamos por discutir o trabalho “Genetics and breeding of sheep in Brazil”, que foi realizado por três pesquisadores brasileiros e publicado em julho de 2010 na Revista Brasileira de Zootecnia. O artigo teve como objetivo analisar novas tecnologias na genética de ovinos no Brasil, avaliar seus avanços mais recentes e aspectos que poderiam ser mais investigados para serem melhorados.

            A pesquisa observou que os criadores de ovinos precisam não apenas melhorar a produção e sim as características e a qualidade do produto, junto com o bem-estar do animal, e resistência ao calor e doenças. Como estes aspectos são difíceis ou caros para se medir, os pesquisadores têm como plano combinar as tecnologias de mapeamento de genes, estudos de expressão gênica em tecidos alvo, contando com dados de produção e ferramentas como a bioinformática moderna.

            São abordados vários tópicos no artigo, que vamos abordá-los aos poucos nas próximas postagens. O primeiro a ser traduzido é sobre os recentes estudos moleculares.



ESTUDOS MOLECULARES

           

A pesquisa mostra que os ovinos são na maioria de pequenos produtores e usados como produtos secundários nas propriedades. Isso explica a falta de interesse dos produtores em buscar informações e novas tecnologias para melhorar geneticamente seus rebanhos. Vale ressaltar que o melhoramento genético animal é uma seleção que se baseia na escolha correta dos indivíduos que irão produzir descendentes, levando em consideração características morfológicas e/ou produtivas que se deseja ver expressa na geração seguinte, com o objetivo de melhoria ou fixação de alguma característica de importância.

Desta forma, os autores acharam necessário estudar sobre o tema, analisando novas tecnologias para serem usadas por esses produtores.

Há uma série de usos para estudos moleculares na criação de ovinos, como: caracterização genética de raças, seleção assistida por marcadores moleculares ou genótipos, a confirmação de parentesco ou de exclusão, rastreabilidade, detecção de vetores de doenças, e fornecer indivíduos para nichos de mercado.

 Sendo uma ferramenta nova e importante, a seleção genotípica molecular tem como princípio a busca por genes candidatos que estejam associados a características de interesse, e a sua aplicação como marcadores moleculares na seleção assistida por marcadores. Através desta técnica é possível realizar testes de DNA para validação de pedigrees, de forma rápida e confiável. A técnica apresenta um custo alto de implantação e execução, mas este investimento pode ser recuperados rapidamente. Requer também como qualquer outra forma de seleção, a informação fenotípica.

Os autores destacaram também que o Ministério da Agricultura (MAPA) aprovou a normativa 74/2004 para registros de laboratórios que realizam a identificação genética utilizando o DNA. Para ovinos e caprinos, a comprovação de paternidade e maternidade via DNA é feita baseando-se em oito marcadores moleculares reconhecidos internacionalmente, chamados micro satélites. No entanto, os autores deste trabalho mostram que alguns desses marcadores indicados pelo MAPA poderiam ser substituídos por outros para as raças brasileiras, especificamente para a raça Santa Inês, já identificados por nossos pesquisadores. Este poderia ser um avanço interessante para a técnica.

O trabalho apontou como outras utilizações para os estudos sobre marcadores moleculares que mereceriam maior destaque e utilização: o desenvolvimento painéis personalizados para a rastreabilidade, a melhora na gestão na genética dos rebanhos, a escolha de raças que seriam mais eficazes nos programas de melhoramento, e o mapeamento e seleção do genoma de raças selvagens. Em postagens futuras serão abordados os outros tópicos do artigo citado.




Artigo resenhado: McMANUS, C.; PAIVA, S.R.; ARAÚJO, R.O. Genetics and breeding of sheep in Brazil. Revista Brasileira de Zootecnia. vol. 39. supl.spe., 2010. 


O artigo pode ser acessado na íntegra no link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-35982010001300026&script=sci_arttext



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