quinta-feira, 21 de abril de 2016

Palma Forrageira em substituição ao feno de capim-elefante

                                                                    Por Lorena Ysraela Oliveira Silva
Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/



Iremos discutir sobre o artigo cientifico de título "Palma Forrageira em substituição ao feno de capim-elefante: efeitos sobre consumo, digestibilidade e características de fermentação ruminal em ovinos". Que foi publicado na Revista Brasileira de Zootecnia, em 2007. O trabalho teve o objetivo de avaliar a substituição de feno de capim-elefante por palma forrageira na região semi-árida. Algumas regiões do país caracterizam-se como semi áridas, ocorrendo deficiências  hídricas severas e estiagens muito longas. Do ponto de vista da produção de forragens, tal situação pode comprometer a disponibilidade e a qualidade nutricional da maior parte das forrageiras. No entanto, existem algumas espécies de forragem que suportam bem a falta de água, longos períodos de estiagem e calor mais intenso, sem perder a qualidade nutricional. Este é o caso da palma forrageira.
O trabalho foi realizado em Recife, na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foram utilizados cinco ovinos machos, não castrados e fistulados, e foram avaliados os efeitos da substituição do capim-elefante pela palma forrageira. Essa substituição foi gradual e foi realizado um período de adaptação dos animais à nova forrageira.
O resultado foi que, com o aumento da palma forrageira ofertada aos animais, por sua alta palatabilidade e seu alto teor de água na sua composição, os ovinos apresentaram uma grande aceitação da mudança de alimento. Através da fístula ruminal, foi observado que a palma forrageira é um alimento que possui uma alta taxa de digestão ruminal , altamente fermentável,  e seu consumo foi comparado ao dos concentrado por sua qualidade nutricional.
Os resultados obtidos no experimento demonstraram que a substituição de até 56% de palma forrageira em substuição ao feno de capim-elefante aumenta a ingestão de alimento e melhora o aproveitamento dos nutrientes em dietas para ovinos.
Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/

Artigo resenhado:

BISPO, S.V.; FERREIRA, M.A.; VÉRAS, A.S.C.; BATISTA, A.M.V.; PESSOA, R.A.S.; BLEUEL, M.P. Palma forrageira em substituição ao feno de capim-elefante. Efeito sobre
consumo, digestibilidade e características de fermentação ruminal em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia,v.36, n.6, p.1902-1909, 2007.


O artigo completo pode ser acessado pelo link: http://www.scielo.br/pdf/rbz/v36n6/a26v36n6.pdf 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Artrite Encefalite Caprina



Por Juliana Izidoro Lucas

Para falar de sanidade na caprinocultura, assim como na ovinocultura, é importante ressaltar que vários cuidados deverão ser tomados para evitar a entrada de doenças que trazem concomitantemente a necessidade de descartar animais, gerando considerável prejuízo econômico para os produtores.  Nesta resenha abordaremos um trabalho sobre a Artrite Encefalite Caprina (AEC), uma enfermidade multissistêmica que gera queda na produtividade e perda de animais.
A artrite encefalite caprina (AEC), tem como agente causador um retrovírus tipo C da família Lentivirinae, que infecta as células do sistema monocítico fagocitário do animal, especialmente as que estão localizadas no líquido sinovial, pulmões, sistema nervoso central e glândula mamária, provocando, como reação do organismo, a produção de anticorpos pelos linfócitos que estão associados aos macrófagos que foram infectados pelo vírus. Essa reação é responsável pelo início das alterações inflamatórias crônicas observadas posteriormente nos tecidos atingidos.
A doença tem distribuição mundial, apresentando índices de infecção superiores aos de animais com a doença clínica, e baixa letalidade. Assim, muitos animais são infectados porém não desenvolvem os sintomas da doença. A transmissão ocorre principalmente através da ingestão de leite e colostro das mães positivas, pelos cabritos na amamentação. Também foram relatadas transmissões por contato, venérea e por objetos contaminados, podendo esta última ser evitada simplesmente pela assepsia dos instrumentos e utilização de agulhas descartáveis.
De acordo com o trabalho, a maioria dos animais infectados não apresentam sinais clínicos, porém, dentro dos casos já relatos se destacam a polissinovite-artrite de caprinos com 6 meses de idade e a leucoencefalite  em cabritos com 1 a 5 meses de idade. O diagnóstico pode ser feito através de testes sorológicos, como imunodifusão em Agar gel e ELISA e da reação em cadeia de polimerase (PCR) que pode diagnosticar precocemente presença de proteínas virais no leite, sangue e amostras de tecidos.
Não foram relatados tratamentos específicos para EAC, e a maioria dos animais que apresentam sinais da doença é descartada pelas complicações consequentes, tais como claudicação, decúbito, perda de peso e baixa produtividade. Para os autores, a prevenção da doença com manejo sanitário adequado é a principal forma de controle da doença no rebanho, pode ser realizada com testes sorológicos de rotina com eliminação dos caprinos positivos, e separação dos cabritos das mães positivas, que devem ser alimentados com colostro e leite pasteurizados.
Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/

Fonte: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/ovinos-e-caprinos/

Artigo resenhado:

SILVA, E.R.V; MENEZES, A.T.; OLIVEIRA FILHO, J.P. Artrite Encefalite Caprina. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 3, n.6, 2006.


O artigo pode ser acessado na íntegra no link: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/o5H4KY3Uz2PBuWW_2013-5-20-15-39-34.pdf 

terça-feira, 19 de abril de 2016

O uso do leite de cabras como um alimento funcional

                                                   
                                                                 Por Aline Gonçalves Silva 
                                                
         O trabalho intitulado “O uso do leite de cabras como um alimento funcional”, realizado pelo pesquisador da Embrapa Caprinos Marco Aurélio Delmontes Bomfim e apresentado no 4º Congresso Nordestino de Produção Animal, teve como objetivo fornecer informações a respeito das propriedades físico-químicas do leite e derivados lácteos de origem caprina.
         O autor afirma que os produtos lácteos caprinos têm sido reconhecidos como importante fonte para a nutrição devido à maior digestibilidade dos seus componentes como gordura e proteína, e que sua procura tem aumentado. O trabalho ressaltou que a demanda por leite caprino cresce em função de três aspectos: o primeiro aspecto está ligado ao fato de que os caprinos, mais que outros mamíferos, são fonte de carne e leite para a população rural fazendo com que a demanda aumente nestas regiões. O segundo aspecto é o maior interesse por produtos lácteos das populações de países em desenvolvimento, devido à sua maior renda. E o último aspecto está ligado à preocupação das pessoas com a saúde, e à crescente procura por alimentos nutritivos, saudáveis e funcionais.
            No Brasil a maior parcela do consumo de leite de cabra ainda está associada ao uso pediátrico devido a algum nível de intolerância, ou a indivíduos que necessitam de um leite especial. Por exemplo, uma pesquisa feita na região de Campina Grande, estado da Paraíba, mostrou que 70% das pessoas que consumiam o leite de cabra o faziam pelas características de hipoalergenicidade, enquanto 20% consumiam o leite e derivados pelo fato de apresentar maior valor nutritivo.
            Por fim, o artigo aponta que apesar do leite de cabra apresentar-se como um alimento de alto valor nutricional e com características de funcionalidade, as pessoas o consomem em sua maioria devido a algum nível de intolerância ou alergia ao leite da vaca, ou devido a alguma doença.
Assim, o autor sugere que as características de alto valor nutricional e funcionalidade sejam destacadas em iniciativas de publicidade. Ele ressalta que para o sucesso da cadeia produtiva não adianta somente o desenvolvimento de tecnologias ou de novos produtos. É necessário que haja divulgação, para que as pessoas tenham conhecimento das qualidades e oportunidades que o produto oferece, o que resulta em um alimento diferenciado para a sociedade e com valor agregado para o produtor.
Fonte: http://portuga-saude.blogs.sapo.pt/



Artigo resenhado:               

BOMFIM, M.A.D. O uso do leite de cabras como um alimento funcional. In: CONGRESSO NORDESTINO DE PRODUÇÃO ANIMAL, 4.; SIMPÓSIO NORDESTINO DE ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES, 10.; SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO, 1., 2006, Petrolina. Anais... Petrolina: Sociedade Nordestina de Produção Animal; Embrapa Semi-Árido, 2006. 1

O artigo completo está disponível pelo link: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/42740/1/AAC-O-uso-do-leite-de-cabra.pdf

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Desempenho de cordeiros alimentados com inclusão de torta de macaúba na dieta



Fonte: http://www.portalmacauba.com.br/2015
Por Renan de Oliveira Sousa


Nesta postagem apresentaremos o trabalho “Desempenho de cordeiros alimentados com inclusão de torta de macaúba na dieta”, trabalho realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, publicado em novembro de 2012. O objetivo da pesquisa foi avaliar o desempenho produtivo e econômico de ovinos confinados da raça Santa Inês alimentados com dietas com diferentes taxas de inclusão de torta de macaúba.



                Dois aspectos chamam a atenção sobre esse trabalho, tornando-o interessante:
a) O uso da torta de macaúba, ou seja, a utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação de ruminantes.
b) E a mensuração do impacto gerado por esse ingrediente tanto economicamente, como produtivamente no desempenho dos animais.



A pesquisa foi motivada para fornecer opções aos produtores, principalmente produtores da região do semiárido brasileiro com relação à alimentação de seus animais, com o uso da torta de macaúba substituindo parcialmente o milho das dietas. Propósito esse muito interessante, pois a utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação de ruminantes é algo que tem sido fomentado em razão de questões econômicas (a fim de reduzir custos) e também questões ambientais (como dar destino adequado a esses subprodutos).

O experimento foi conduzido no setor de ovinocultura do Instituto de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG), em Montes Claros, MG, onde o clima é considerado tropical de savana, com longo período seco e verão chuvoso.
                Foram utilizados 24 cordeiros da raça Santa Inês, machos, não castrados, com idade média de cinco meses e com peso vivo médio inicial de 23,9±0,6 kg. Os animais foram confinados em baias individuais de 1,2 m², providas com comedouros e bebedouros e as dietas experimentais foram formuladas de acordo com as recomendações do National Research Council (2007), para ganho médio de peso de 200 g por dia. A torta de macaúba foi incluída nas quantidades de 0, 100, 200 ou 300 g por kg de matéria seca da dieta, e o milho reduzido nas mesmas proporções.

Os resultados apresentados sugerem quem não houve efeito das quantidades adicionadas de torta de macaúba sobre o consumo de matéria seca e matéria orgânica pelos animais, inclusive o consumo de matéria seca observado foi maior do que o recomendado pelo National Research Council (2007) para animais com 23 kg e ganhos de 200 g por dia.
                O consumo de proteína bruta também não foi influenciado pela inclusão da torta de macaúba, porem o estudo mostra que houve seleção dos nutrientes proteicos pelos animais, A conversão alimentar variou de 5,5 a 6,4 e foi influenciada negativamente pelos níveis de torta de macaúba na dieta, piorando à medida que a torta foi adicionada.

Com posse dessas e de outras informações obtidas através do experimento, os autores concluíram que a inclusão de até 300g de torta de macaúba por kg de matéria seca na dieta não altera o consumo de matéria seca e desempenho de cordeiros Santa Inês. E a o tratamento que apresentou melhor viabilidade econômica foi o de inclusão de 100g de torta de macaúba por kg de matéria seca.

O estudo citado pode servir como base para a inclusão de torta de macaúba na dieta de cordeiros Santa Inês, e também serve para instigar pesquisadores a fim de estudar novas opções, componentes para dietas de ruminantes. Assim avaliando sua viabilidade de desempenho e econômica. 
Fonte: http://www.agricultura.al.gov.br


Artigo resenhado: Azevedo, R. A., Rufino, L. M., Santos, A. C., Silva, L. P., Bonfá, H. C., Duarte, E. R., et al. (Novembro de 2012). Desempenho de cordeiros alimentados com inclusão de torta de macaúba na dieta. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 47(11), 1663 - 1668.

Este artigo pode ser acessado na íntegra no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2012001100014

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Genética e melhoramento de ovinos no Brasil



            Por Roberta de Sousa Machado




            Nesta postagem optamos por discutir o trabalho “Genetics and breeding of sheep in Brazil”, que foi realizado por três pesquisadores brasileiros e publicado em julho de 2010 na Revista Brasileira de Zootecnia. O artigo teve como objetivo analisar novas tecnologias na genética de ovinos no Brasil, avaliar seus avanços mais recentes e aspectos que poderiam ser mais investigados para serem melhorados.

            A pesquisa observou que os criadores de ovinos precisam não apenas melhorar a produção e sim as características e a qualidade do produto, junto com o bem-estar do animal, e resistência ao calor e doenças. Como estes aspectos são difíceis ou caros para se medir, os pesquisadores têm como plano combinar as tecnologias de mapeamento de genes, estudos de expressão gênica em tecidos alvo, contando com dados de produção e ferramentas como a bioinformática moderna.

            São abordados vários tópicos no artigo, que vamos abordá-los aos poucos nas próximas postagens. O primeiro a ser traduzido é sobre os recentes estudos moleculares.



ESTUDOS MOLECULARES

           

A pesquisa mostra que os ovinos são na maioria de pequenos produtores e usados como produtos secundários nas propriedades. Isso explica a falta de interesse dos produtores em buscar informações e novas tecnologias para melhorar geneticamente seus rebanhos. Vale ressaltar que o melhoramento genético animal é uma seleção que se baseia na escolha correta dos indivíduos que irão produzir descendentes, levando em consideração características morfológicas e/ou produtivas que se deseja ver expressa na geração seguinte, com o objetivo de melhoria ou fixação de alguma característica de importância.

Desta forma, os autores acharam necessário estudar sobre o tema, analisando novas tecnologias para serem usadas por esses produtores.

Há uma série de usos para estudos moleculares na criação de ovinos, como: caracterização genética de raças, seleção assistida por marcadores moleculares ou genótipos, a confirmação de parentesco ou de exclusão, rastreabilidade, detecção de vetores de doenças, e fornecer indivíduos para nichos de mercado.

 Sendo uma ferramenta nova e importante, a seleção genotípica molecular tem como princípio a busca por genes candidatos que estejam associados a características de interesse, e a sua aplicação como marcadores moleculares na seleção assistida por marcadores. Através desta técnica é possível realizar testes de DNA para validação de pedigrees, de forma rápida e confiável. A técnica apresenta um custo alto de implantação e execução, mas este investimento pode ser recuperados rapidamente. Requer também como qualquer outra forma de seleção, a informação fenotípica.

Os autores destacaram também que o Ministério da Agricultura (MAPA) aprovou a normativa 74/2004 para registros de laboratórios que realizam a identificação genética utilizando o DNA. Para ovinos e caprinos, a comprovação de paternidade e maternidade via DNA é feita baseando-se em oito marcadores moleculares reconhecidos internacionalmente, chamados micro satélites. No entanto, os autores deste trabalho mostram que alguns desses marcadores indicados pelo MAPA poderiam ser substituídos por outros para as raças brasileiras, especificamente para a raça Santa Inês, já identificados por nossos pesquisadores. Este poderia ser um avanço interessante para a técnica.

O trabalho apontou como outras utilizações para os estudos sobre marcadores moleculares que mereceriam maior destaque e utilização: o desenvolvimento painéis personalizados para a rastreabilidade, a melhora na gestão na genética dos rebanhos, a escolha de raças que seriam mais eficazes nos programas de melhoramento, e o mapeamento e seleção do genoma de raças selvagens. Em postagens futuras serão abordados os outros tópicos do artigo citado.




Artigo resenhado: McMANUS, C.; PAIVA, S.R.; ARAÚJO, R.O. Genetics and breeding of sheep in Brazil. Revista Brasileira de Zootecnia. vol. 39. supl.spe., 2010. 


O artigo pode ser acessado na íntegra no link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-35982010001300026&script=sci_arttext